quinta-feira, 16 de julho de 2015

Adeus ao Geógrafo!

Eu conheci geógrafos fantásticos. Tive e tenho o privilégio de conviver com mentes brilhantes. Até hoje uma das coisas que mais me orgulham é ter sido avaliado na banca de Mestrado por Manuel Correia de Andrade.

Mas hoje é um dia triste... Faleceu o geógrafo brasileiro que mais admiro, ou admirava porque ele não está mais aqui... Não, sempre irei admirar!

Eu o conheci num evento em 2005 em Recife. Eu, timidamente, levava um livro escrito por ele que era a base da minha dissertação. Ele me recebeu de maneira muito cordial e perguntou meu nome. Eu disse "Sidclay". Ele riu e me contou uma história de como os pais dos anos setenta haviam colocado nomes estranhos em seus filhos... Até hoje conto essa história.

A partir daquele momento, estreitamos os laços. Estive em São Paulo e ele me recebeu na USP, conversamos sobre um possível doutorado, ele não só me aceitou como me disse que eu já poderia me inscrever na próxima seleção, três meses depois. Ainda abriu as portas da universidade para mim e me apresentou outros estudantes... Fatidicamente não passei na seleção daquele ano, quem mandou não saber espanhol? Fiquei frustrado. 

Mas as coisas continuaram, meses depois, eu já professor universitário, fui participar de um evento na USP. Ele, mais uma vez me recebeu e conversamos longamente sobre geografia, experiências acadêmicas, metodologias, possibilidades... Desde então sempre mantivemos contato por email porque eu nunca tive coragem de ligar para ele, mesmo tendo seu número. Era difícil estar tão próximo do meu símbolo acadêmico. 

Para mim, Antonio Carlos Robert Moraes foi um exemplo de geógrafo engajado, extremamente competente, um enorme influenciador, uma referência imprescindível para quem quer entender o Brasil e, principalmente, um ser humano fantástico. Estava tão acima da média e mantinha os pés no chão sendo simples com todos, não importava se era um "ban ban ban" ou simples estudante de graduação.

Tenho todos os seus livros aqui. Eu os cito todo o tempo. A ideia do meu doutorado surgiu de um texto seu: "Sertão, um outro geográfico"... e sempre me recordo dele dizendo "A Geografia Histórica é a minha cachaça"!

Foi embora a minha maior referência em geografia, mas fica a lembrança e seus livros...

Adeus, Tonico!

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